Sem grandes novidades do USDA, grãos acompanham altas nos mercados financeiros nesta terça-feira

Boa tarde! Hoje o mercado global buscou recuperação após o abismo observado na sessão de ontem. Em alta desde a abertura da manhã, os principais índices financeiros e as commodities energéticas (petróleo) fecharam o dia com fortes ganhos, o que também se refletiu nos grãos. A soja não conseguiu segurar as fortes altas da manhã, porém ainda fechou em campo positivo, assim como o milho. No Brasil, o movimento de alta em Chicago foi reduzido pela queda no dólar, que retraiu cerca de 07 centavos hoje, voltando a operar abaixo dos R$4,70.
OFERTA E DEMANDA – SOJA
Os relatórios de safra divulgados hoje pela Conab e pelo USDA vieram em linha com as expectativas do mercado. Um aumento de safra brasileira e argentina de soja foi realizado, o que junto com a pequena queda no consumo da Argentina resultou em estoques finais da safra 2019/20 superiores em relação ao relatório de Fevereiro, passando de 98,86 para 102,44 milhões de toneladas. Os números mostram que o mundo estará bem abastecido de soja ao longo de 2020.
Diante disso o consumo da China se torna fundamental. Hoje o USDA manteve a projeção de importação de 88 milhões de toneladas pela China, alta de 5,5 milhões em relação a 2019. Os asiáticos seguem concentrando suas compras no Brasil, aproveitando o preço mais atrativo em função do dólar elevado e a qualidade superior da soja brasileira frente as demais origens. Cortes nas exportações americanas não foram realizados pelo USDA hoje, porém diante do ritmo atual de embarques e vendas, acreditamos que reduções serão apontadas nos próximos relatórios.
OFERTA E DEMANDA – MILHO
Hoje a Conab trouxe pequena redução na safra total brasileira de milho, com perdas de produção concentradas na safra de verão do Rio Grande do Sul. O corte foi bem pequeno, e não reflete em mudanças na tendência de mercado. Os estoques finais permanecem próximos dos 8 milhões de toneladas, sendo os menores desde 2012, o que mantém uma tendência firme aos preços de milho no mercado interno. As exportações foram mantidas em 34 milhões de toneladas, e o ritmo de embarques no segundo semestre será decisivo novamente para a formação de preços no Brasil. As ofertas brasileiras a partir de Junho/20 se mostram bastante competitivas, com dólar forte barateando o milho brasileiro aos principais importadores. Já o USDA manteve inalterada as safras do Brasil (101 milhões) e da Argentina (50 milhões).
De forma geral, os relatórios de hoje não trouxeram impactos significativos ao mercado. Chicago segue pressionado pela grande oferta global de grãos e a demanda reprimida nos EUA. Para altas na CBOT, será necessário algum choque na demanda (compras chinesas) ou na oferta (perdas de safra).